Pio Matos
Fizemos o possível – afirma Presidente do Conselho Municipal de Quelimane, Pio Matos, em entrevista ao “Notícias”, na recta final do seu mandato
NOTÍCIAS (NOT) - Está na recta final do seu segundo mandato. Que avaliação faz dos cerca de 10 anos a frente dos destinos de Quelimane?
Pio Matos (PM)-Pessoalmente acredito que aquilo que foi prometido foi cumprido ou está sendo cumprido o que de certa forma me dá grande satisfação e alegria, porque estamos na recta final do mandato e, certamente, deixamos os munícipes satisfeitos. É verdade que os problemas ainda não acabaram. Eles existem e carecem de solução porque no espaço de mandato de cada cinco anos é praticamente impossível resolver tudo, mas acredito que aquilo que eram as grandes linhas de governação contidas no manifesto eleitoral foi cumprido. Ou seja, abastecimento de água, expansão de energia pelos bairros incluindo iluminação pública nas ruas e avenidas, melhoramento de transitabilidade nas estradas também estamos a resolver em quase cem porcento.
NOT – Mas quem circula pela cidade constata ainda muitos buracos...
PM- Bastantes. Bastantes buracos mas quando falamos de transitabilidade referimo-nos ao facto de que tínhamos muitos bairros sem comunicação, o que já não acontece, pois a nossa atenção foi para lá direccionada, sem descurar as estradas asfaltadas porque estas são bastante onerosas e implicam tecnologias apuradas. Nós temos fundos que não permitem fazer grandes ginásticas, como já disse, que são de cinco milhões e lançar um concurso seria o mesmo que dizer que não queremos a obra, porque ninguém vai concorrer. Para além disso, precisamos do mesmo fundo restrito para fazer a manutenção das estradas que abrimos pelos bairros, e abrimos pontecas etc. É verdade que agora temos algumas estradas asfaltadas com muitos buracos que quase se tornam intransitáveis mas temos um programa governo, município e ANE que vai ser implementado ainda este ano, incluindo a drenagem, pois já temos dinheiro para isso, embora não seja muito. Poderemos atender as principais ruas da cidade entre quatro a cinco o que já será muito bom.
NOT- Quelimane ainda tem muitas casas antigas, ou, por outra, escombros para além de casas de construção precária em plena cidade. O que se passa?
PM- É difícil fazer a sua remoção, quer dizer, porque nós estamos para melhorar dentro do espaço urbano e não propriamente para destruir. É verdade que Quelimane é uma cidade antiga e que já tinha estas duas componentes, ou seja, a parte formal e outra informal e a nossa intenção não é remover os da parte informal. Pretendemos é que eles melhorem as condições e nós como município temos que fazer algum trabalho nesse sentido por forma a melhorar o aspecto urbano.
Quando transformamos um carreiro para uma estrada, as coisas também melhoram incluindo as próprias habitações e quando colocamos saibro na estrada as coisas também melhoram junto dos munícipes. A intervenção do município altera o estado das coisas do próprio munícipe e hoje notamos isso nos locais já transformados, pois já há casas melhoradas, com água e corrente eléctrica, o que não era possível antes. Acredito que a melhor solução é fazer o melhoramento ou assentamento dos informais e não a remoção das pessoas para a outra zona porque também temos que ter em conta que somos pobres, para além de que os recursos também são escassos.
NOT- O que está a ser feito para a expansão da urbe?
PM- Estamos neste momento a distribuir 50 talhões num novo bairro na zona de Chuabo Dembe e a urbanizarmos o bairro de Sangarivera, em parceria com Fundo de Habitação. A nossa ideia é atingir cerca de 300 talhões com todas as facilidades como água, electricidade, escolas, centros de saúde, entre outras infra-estruturas que contribuam para uma melhor qualidade de vida dos munícipes.
NOT-A questão dos mercados regista progressos?
PM- Também foi uma grande vitória. Dizer que o município chega quase ao fim do segundo mandato com todos os mercados já transformados em formais, contrariamente ao que acontecia até há bem pouco tempo. Vamos inaugurar brevemente um novo mercado de Waquima, que contemplou dois pavilhões, sistema de água, sanitários, muro de vedação entre outros, enquanto noutros pontos também houve a mesma coisa ao longo destes cerca de 10 anos.
MAIS GATOS QUE RATOS
PM- Quando iniciamos o projecto de autarcização, Quelimane estava uma lástima em termos do número de ratos. O projecto foi bom porque, à semelhança das estradas, houve muita participação popular. Fizemos três campanhas e hoje sentimos que estamos numa situação estável porque na altura o grande problema que tínhamos era o de falta de gatos. Isto porque as anteriores campanhas eram de raticidas que eram postos nas lixeiras, o que não só matava ratos como também gatos. Quando realizamos as campanhas vimos que agora há bastante gato e estamos numa situação de equilíbrio ecológico e não há preocupação por enquanto talvez mais tarde, mas, mesmo assim, as pessoas já sabem como fazer.
NOT- Quais os aspectos a destacar no primeiro e os segundo mandato?
PM- Obviamente que o primeiro foi o mais difícil. Era preciso primeiro compreender o que era isto de município, o que equivale a dizer que o primeiro ano e o segundo foram ainda de aprendizagem, para saber como fazer e como viver e conviver com o munícipe. Esta situação já não se verificou no segundo mandato, porque foi apenas dar seguimento ao que já tínhamos planificado e incluir novos projectos. Quer dizer, neste segundo mandato fizemos mais que no primeiro, porque já conhecíamos as portas a bater relativamente aos nossos parceiros para pedirmos apoio, além de que já havia uma confiança por parte destes para com o município, facto que facilitou bastante, a exemplo da DANNIDA, UNICEF, mesmo com PDM com financiamentos do Banco Mundial e foi graças a isso que conseguimos realizar muitos projectos. Neste âmbito estamos a alargar a rede eléctrica com EDM porque há ambiente de confiança.
NOT- As receitas do município conseguem cobrir as necessidades?
PM- Eu não diria que são escassas, porque as receitas são as que são. O maior problema é que as necessidades são enormes e não têm limites. Por isso mesmo que dizemos que até ao fim do nosso mandato, muitas coisas que gostaríamos de realizar ficarão por realizar como é o exemplo das ruas que abrimos, que ao invés de deixar como estão poderíamos até deixar asfaltadas. Isto é o que devemos dizer porque não é porque colectamos pouco ou que os munícipes não contribuem. As nossas colectas chegam a ser acima da média nacional per capita. Repare que desde o primeiro mandato que não mexemos nas taxas porque julgamos que o segredo deve ser o alargamento da base tributária para podermos ir até ao simples cidadão, para ver se ele contribui com algo e isso já nos permite que de mês a mês e de ano a ano subamos as nossas receitas. Acredito que o munícipe já entende isso e até vem pagar pessoalmente a sua obrigação o que já é muito bom.
(o) PARTIDO VAI AVALIAR-ME
O edil de Quelimane está no fim do segundo mandato e impunha-se pergunta-lo se no próximo ano será novamente o candidato pela terceira governação autárquica. Eis a resposta:
PM- Eu, como Pio Matos, não posso dissociar-me do meu partido Frelimo. No final deste mandato o partido vai avaliar-me e concluir se posso ser candidato ou não em função daquilo que fiz. Se se chegar à conclusão que devo ir para outras tarefas também estou pronto porque no nosso partido há muitos quadros e bons que podem liderar qualquer grupo de trabalho como aqui no município.
Quer dizer, toda a responsabilidade cabe ao partido de indicar ou não, mas pessoalmente sinto-me bastante gratificado por ter sido indicado por duas vezes para este lugar. Mesmo que se façam outras análises eu sinto que cumpri a missão que o partido me deu e estou satisfeito.
NOT- O que foi difícil?
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