12.5.09

O azar de ser zambeziano

“A verdadeira face dos nossos Deputados”

A vida me ensinou a conhecer a face oculta das pessoas, quando nos anos 2002 , 2003 e 2007 respectivamente em Nampula, Mocuba e Maputo, tive a experiência amarga de ser um ser pensante; até me recordo que cheguei a amaldiçoar o dia do meu nascimento nesses três anos. Essa experiência amarga foi para mim uma autêntica terapia para ver o mundo com dois olhos.

Cheguei mesmo a concluir que na verdade a nossa parceira nunca é família. Cheguei até de me recordar de certos episódios do meu pai já falecido, segundo os quais “O Homem é uma ditadura contemporânea”.

Na altura eu nem entendia nada porque tinha uma idade inocente.

Mas o tema de hoje não é para falar de mim; não senhor; vou falar dos outros como de costume, porque esses outros falam de mim e de outros. Vou continuar ainda a falar sobre a nossa terra Zambézia.

Após a independência, a Zambézia ficou inundada de analfabetos sem nenhuma profissão escoados do sul do País para serem os nossos governantes. Recordo-me até que alguns aprenderam a assinar o seu próprio nome nos seus gabinetes!! Enfim, foi uma fase que nem dá para recordar. Volvidos anos, eis que Moçambique passa a enveredar pelo processo democrático abrindo espaço para criação de partidos e, consequentemente os representantes do povo – os vulgos Deputados. Sem excepção alguma, Zambézia sempre elegeu os seus representantes para defenderem os interesses do povo e servirem de porta-vozes (não como Mazanga nem Edson Macuácua) mas sim porta-vozes para assuntos que mexem com a sociedade indefesa. O meu espanto porém, é de que os supostos deputados da bancada maioritária do nosso círculo, parece que não conhecem a realidade da sua província. Os atrevidos que procuram falar na tentativa de agradar os seus camaradas para pelo menos renovar o mandato, esses quando abrem a boca só falam bujardas procurando esconder a verdade. Até parece que vivem noutro planeta - no Júpiter ou mesmo no Plutão. Mil vezes aquelas minhas titias e alguns titios que nunca abriram a boca.

Aliàs, abrem a boca na hora do lanche. Mas penso que fazem muito bem e evitam falar asneiras.” Mil vezes manter-se calado do que ofender o diabo”.

Os tais representantes do povo que assumem defender os interesses da nossa juventude na casa magna, são outros invisíveis e ausentes-presentes, aumentando apenas o número dos dorminhocos e a espera do apito final.

A bancada minoritária do nosso círculo, que também está em vias de extinção se assim eles desejarem, esta sim, tem procurado dizer a verdade, verdade essa que tem sido contestada pela maioria, por serem da oposição. Mas queiramos como não, a bancada minoritária apesar de tudo tem dito a verdade.

Vêem ai as conturbadas eleições já habituais. É altura de pensarmos em quem votar para melhor nos representar e nos governar. Não sei se fica bem votar em pessoas que não aceitam mudanças.

Tivemos muita experiência nas autarquias. Quelimane é o pior município de Moçambique, com os seus buracos a servirem de cartão de visita. As nossas ruas só são minimizadas quando há eventos políticos para inglês ver. Aliás, nem é para inglês ver; mas sim para entreter ou enganar nalgumas vezes o Chefe do estado numa de que tudo anda muito bem.

Mas que pouca vergonha, se tivéssemos essa tal vergonha?!! A quem é que enganamos quando fazemos isso?

Hoje Zambézia, já se diz que virou suposto monopólio de Manhungues e a etnia Sena.

Quer dizer, de Machanganas nos anos 75 até mais ou menos finais do ano 90; agora os supostos Manhungues! Mas que brincadeira, meus senhores?!! Até quando esse aludido espezinhamento?

Quando é que vamos deixar de ser oprimidos? Acham lícito ser estrangeiro na sua própria terra em pleno Século XXI?

Chegou o tempo de mudanças e temos que pensar as formas de como desenvolver a nossa terra. Acredito que um dia você que está a ler agora este artigo, vai-se recordar de mim quando as coisas estiverem de mal a pior, se é que você ainda está a dormir. O que é que você espera para desenvolver a sua terra?

Acordemos, meus irmãos!

DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 12.05.2009

Por: Rondinho Calavete

Ps. Muito interessante este texto. Cheguei a pensar que moçambicanos eram os nacionais de Moçambique e que Moçambique era um estado uno, soberano, indivisível. E pensei também que as etnias nunca prevaleceriam sobre a nacionalidade. Estou enganado? Ou é confusão entre país e o quintal da casa? Enfim regredimos politica e socialmente nestes últimos anos. Está visto!

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