13.11.09

Macuse - A Opinião de António de Almeida

Não tenho título para dar a este meu triste texto, porque as lágrimas choradas e as lamentações já são suficientes para cobrir o título em falta.

Caro leitor, se quiseres desfrutar o título deste artigo, chore comigo, lamenta comigo, porque parece que é a única forma que o zambeziano tem de se manifestar. Caso contrario, somos opositores e até conotados com algumas forças politicas que nem se quer temos nada a ver com elas. Mas esses senhores não percebem e estão cegos de ignorância.

Diz um ditado popular que onde lutam dois elefantes, quem sofre é o capim; mas só que na minha Zambézia, com a luta de duas forças frustradas, quem sofre é o meu povo.

Mas não disso que vou aqui relatar.

A imagem ai a cima, ilustra a pobreza absoluta do povo de Macuse no distrito de Namacurra.

Mostra a pobreza absoluta por um simples caso.

Esse povo, o povo de Macuse e de todas outras regiões onde habitavam o palmar, usavam o palmar na totalidade, como fonte de rendimento e conseguiam de certa forma manter as suas economias dentro de casa ou em baixo da árvore.

Se é que estou a mentir, perguntem os vários doutores, mestres, licenciados bacharéis de Inhassunge, Namacurra, Maganja da costa, Nicoadala e outros vários sítios, se para chegar onde chegaram, não carregaram sacos enormes de cocos para vende para poder conseguir ter um caderno, um lápis, uma esferográfica e até roupa para poder ir a escola.

Não digo isto em forma de abuso, pelo contrário, tenho muito orgulho em falar disto porque isso prova que os intelectuais da minha nobre terra não precisaram de matar a ninguém para chegar ao topo. Mais chegaram ao topo, graças ao sacrifício e a venda de produtos locais como o coco por exemplo, que hoje já nem se quer existe. Que pena meu Deus!

Sei que muitos dos meus conterrâneos sentem por dentro o que eu sinto e sofrem como eu sofro. Mas eu não fico calado e pergunto, onde foi o palmar da minha terra que já foram fontes de informação de muitos poetas? Que já serviram de esconderijo de muitos namoricos?

Quem me responde?

Ninguém só apenas os moribundos palmares que vão minguando ao estilo do amarelecimento letal do coqueiro, me dizem no seu silêncio que estão morrendo por culpa sei lá de quem.

Será que ninguém sabe nada mesmo?

E os coqueiros híbridos o que aconteceu com eles? Será que não é pelos produtos químicos que usavam na produção do coqueiro híbrido que apareceu o tal de amarelecimento letal?

Algo algum!

Com a queda da Boror em Macuse, vemos o local cada vez mais empobrecido e alguns senhores ostentando grandes riquezas, senhores esses que eram bosses da extinta Boror.

As casas lá em Macuse, hoje pertencem a um grupo de senhores que abrem negócios em nome de suas mulheres em detrimento dos antigos trabalhadores que nem se quer viram indemnização.

Hoje a população de Macuse sofre de fome, pobreza, sida, tuberculose e muitas outras doenças, sem poder ter pernas para andar, porque o palmar que era a sua base de sustento foi completamente desmoronado, que triste!

Se no antigo testamento Moisés levou o povo a terra prometida e mais tarde os maus tratos continuaram, Jesus apareceu para resgatar o bom nome divino, mas mesmo assim deixaram o povo entregue a sua própria sorte.

Assim acontece no meu Moçambique.

Uns tiraram o povo das mãos do colono, dando-lhes terra, mas depois humilhou o povo; e o outro que trouxe a liberdade está sendo crucificado pelo povo que ele mesmo libertou, tal como aconteceu a Jesus.

Assim pode-se dizer que o meu povo está bem?

Para quem diz estas asneiras, precisa de sair do AC para olhar de perto o sofrimento do povo e deixarem de enganar os doadores.

Para os doadores, por favor, não se deixem enganar pelos tubarões porque no campo, a realidade é outra, o povo sofre e está morrendo. Eu vivi isso em Macuse.

Será que para o povo de Macuse voltar a viver, precisamos de ressuscitar a boror e a companhia da Zambézia?

Pensem bem.

Eu volto brevemente.

Ao meu povo, coragem.

in: http://www.manueldearaujo.blogspot.com/

8 comentários:

Graça Pereira disse...

Onde está a minha Zambézia de antigamente?No Macuse vivi férias e momentos muito felizes, juto ao rio..
E o palmar...o maior palmar do mundo...nosso orgulho!!
Não é possível que, numa terra aonde chegou a liberdade, estas coisas aconteçam... Ou a liberdade só chegou para alguns?
Os "Bons sinais" só me mandam notícias tristes...
Como zambeziana(que não renego nunca) o meu coração está triste..Um abraço solidário para ti e para todo o povo.
Graça

Anónimo disse...

Olha meu caro amigo Manuel voce tem muita razao e concordo com os seu comentario,eu sò um zambeziano e nasci no distrito de Namacurra e da localidade de Macuse(Muceliwa)e dizer que falando da zambezia esta muito e muito esquecido com os nossos camaradas nao sabemos quando resucitara esperamos...

Helder Felizardo Augusto disse...

Tony tenho muito orgulho de ser teu amigo. Obrigado pelo artigo e ao Manuel de Araujo muito obrigado pelo site...

Helder Phill

Ramujane disse...

Ramos. Concordo plenamente com o meu conterràneo que. Mesmo eu estudei graças ao coco. Nao se justifica hoje Macuse merecer oque está sujeito. Tamos juntos

Anónimo disse...

Almeida é com lagrimas e sufoco que compartilho essas palavras se dar titulo a esse esculpir artistico em palavras de afeto. Pois nao passa de um ano em que juntos em macuse olhamos para o tema de interveçao cmomunitaria na area de saude, teatro , canto e dança, parlamento infantil ect,etc. Fui me embora da minha terra para um dia voltar e contigo estudarmos estes casos em que ja leva adiante o nosso amigo Manue de Araujo. Espero que a cultura de lamuria entre zambezianos estinga-se e a de bem fazer e lutar para o menlhor do seu meio cultural intelectual seja ja uma realidade. Quelimane precisa disso e os chuabos ja sentem que é ja altura de ver esse sonho e viver também.
Sem de longas quero somente pedir que de maos dadas dessa façamos a escolha serta e essa seja a esperança dos bons sinais!!!

Geraldo Ilidio disse...

Em primeiro lugar saudar a iniciativa de todos que tentam influenciar aos governantes para olharem este ponto do Pais. Cada dia somente oiço de desenvolvimento e investimento para outras regiões mas para Macuse, nada se fala. Temos um porto que pode servir a muitos países do inter-land, no caso do Malawi, Zambia, Zimbabwe e muitos outros, que não precisa de dragagem, mas nada se faz com ele, temos praias lindas e com uma boa vegetação mas nada é feito, temos calcário na zona do Alto Macorrine, nada existe como plano do governo para os próximos anos. Já cheguei o ponto de imaginar que o governo tenha se esquecido daquilo com que Macuse contribuía para as Finanças da
Zambézia, até havia uma representação das Alfandegas, mas hoje não passam de ruínas.

Por isso o sofrimento que está condenado o povo de Macuse só Deus sabe, será que os 25.000.000,00 USD que existem para Inhambane não poderiam ter repartido para resolver o problema do amarelecimento letal do coqueiro de Macuse? Ou os Financiadores disseram para não aplicarem no Macuse ou Maganja das Costa? Será que não pesa consciência de quem diz governar esta zona ou a Província da Zambézia? Isto é mesmo que ter um filho e não lhe dar assistência alegadamente por em algum momento ficou a favor de um tio! Mas não se esqueçam que os governantes existem p ara servir o Povo e não o Povo servir a eles.

Anónimo disse...

Ilustres!Nasci cresci, estudei formei-me com base no coco de macuse. Hoje sou um quadro senior a servir o pais noite e dia...acredito que sou um orgulho para o pais como tantos outros.
NAO ME SINTO BEM... EM TUDO QUANDO ME LEMBRO DE MACUSE, LEMBRO ME DA ESCRAVATURA NUMA FASE MAIS MODERNA...
-CHORO PELO MACUSE COMO REFERENCIA MAS TODA ZAMBEZIA ESTA DESGRACADA.
QUEM NAO VE! NAO QUER VER SE TIVER OLHOS PARA VER!
-DESTRUIRAM MACUSE ,HOJE ESTAO SENTADOS POR CIMA DOS PAPEIS ESPERANDO A DEFINICAO DA DISTRIBUICAO DAS COMISSOES...
- MUITA CORRAGEM MEU POVO!!! DEUS TA NO MACUSE TAMBEM!!!
Adnor

Unknown disse...

coisa trite de sever, infelizmente e a pura realidade que vive ca na zambezia