5.12.08

“VERDES CAMPOS”: um sucesso feito pelos admiradores

“VERDES Campos” é um tema que fez tanto sucesso. Tem uma mensagem que ainda se aplica na actual realidade do país. Ainda há muita terra por trabalhar, muita gente por educar e sacrifícios, esses ainda são muitos que devem ser feitos para que se atinja o bem estar para os moçambicanos.

Mas o sucesso da canção, que parece vir do nada, não tem explicação nem para Pedro Machado nem para muitos que adoraram a canção em tempos. “Não sei dizer, sinceramente, o que terá acontecido exactamente com aquele disco. Os nossos admiradores na altura é que na verdade fizeram o sucesso talvez devido ao seu teor, a sua forte mensagem que levantava aquilo que eram os grandes desafios do país”, comenta. O tema que dá título ao único trabalho editado do 1º de Maio faz referência a necessidade de formar muitos moçambicanos, acabar a abertura de muitas estradas, cultivar muita terra, o que paulatinamente ainda está a ser feito. Deve ter sido pelo contexto em que o nosso país se encontrava que o Presidente Samora Machel escolheu a cação para lançar o IV Congresso da Frelimo. Samora cantou a música assobiando. Isso também ajudou o disco a tornar-se num dos melhores da altura. Recordando-se desse sucesso, Pedro Machado diz que “em quase todos os espectáculos em que actuávamos as pessoas pediam-nos ‘bis’. Para nós, foi bom porque éramos um conjunto que estava a nascer e tinha muita força. E éramos todos jovens. Animamos muitas noites de Quelimane e não só. Os admiradores é que fizeram de ‘Verdes Campos’ o sucesso musical que foi”. O conjunto do 1º de Maio durou apenas treze anos, divididos em duas fases. Foi fundado em 1980 da fusão de outros dois conjuntos de Quelimane, nomeadamente Continuadores e Cometa. A primeira fase compreendeu a gravação do seu LP “Verdes Campos” e o desaparecimento físico de alguns dos seus membros. Foi um momento muito triste para a banda, uma vez que o 1º de Maio já era de si uma grande família. A segunda fase do grupo, nos meados da década de 1980, é a de “coragem”. Segundo Pedro Machado, depois do mau período, seguiu-se a etapa da coragem, porque “levámos o barco a bom porto apesar das dificuldades que foram aparecendo”. “Há um ensinamento que o Biriba, o mais velho elemento do grupo nos deu: ‘sempre que aparecer uma tempestade temos que ganhar forças para continuarmos com o barco’. Nessa altura, os elementos do conjunto como Fernando, Ibraimo, Trigueiro, Litos e Armindo Salto avançaram no projecto de manter vivo o agrupamento. Não tínhamos aparelhagem e abordei a questão a Mário Machungo, então primeiro-ministro, numa das vezes que veio trabalhar a Quelimane e ele falou com o então Secretário do Estado das Pescas, Tenreiro de Almeida, para solucionar o problema. Dias depois recebemos uma aparelhagem novinha e completa vinda do Japão”, conta Machado. Mas porque não se pode viver de música em Moçambique, uma vez que ela “não dá quase nada senão o gosto de a produzir”, em 1993 não houve maneiras de como evitar que a banda se desfizesse. Os elementos do agrupamento, já maiores de idade, decidiram abraçar outras actividades na vida. “Todos estão empregados e os que não quiseram ter um patrão estão a fazer trabalhos a conta própria e estão bem sucedidos. O Carlos Sócrates tem um estúdio próprio em Lichinga depois de ter estado nos Massukos. Outros estão em Quelimane, Xai-Xai e na Beira”.

Apesar da distância que separa fisicamente os elementos da banda, eles mantêm periodicamente contactos e não se esquecem da terra que os viu nascer, Quelimane. Pedro Machado diz que há troca de informação sobre o que fazer para fazer renascer do conjunto.

in Jornal Notícias

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