9.7.11
9.6.11
25.11.10
21.6.10
25.4.10
Em Quelimane, terra de gente boa Não vá a pé, vá de… táxi-ginga!
Outra coisa, única no país, são as bicicletas-táxi que circulam um pouco por toda a província e, sobretudo, na capital provincial. Aqui, o fenómeno surge, com particular força, em finais de 2006 e alastrou-se de tal maneira que hoje Quelimane pode ser considerada a cidade das bicicletas. Marisa, peruca até aos ombros, andar bamboleante, entra descontraída no Café “O Coco”, centro da Cidade de Quelimane. Toma um café, pede um whisky para digestivo, fuma um cigarro até meio e apaga a beata. Com gestos cadenciados e propositadamente estudados, chama o “barman”, paga e deixa uma gorjeta. Volta a desfilar rumo à porta de saída, onde está à sua espera, um táxi. Mercedes, BMW, ou Toyota? Nada disso. Uma bicicleta normal, com uma mini-bagageira e o respectivo taxeiro. Ela senta-se, abraça o condutor que arranca sem despertar a atenção dos mirones, habituados a este tipo de situações; - Laura dos Santos ultrapassou os 70 anos de idade. Semanalmente faz uma visita ao novo cemitério, o Dona Ana, situado a cerca de 10 quilómetros da cidade, uma vez que a antiga morada dos defuntos é já mesmo um… cemitério da Saudade. Ela tem “contrato” com um “taxeiro” que a vem buscar aos sábados de manhã, paga 30 meticais, ida e volta, com a condição da permanência do condutor e do veículo até ao fim da visita. Apesar da idade, sente-se confortável e desinibida ao atravessar todo o Bairro de Sinacura, onde reside, agarrada à cintura do condutor; - Amâncio Pires, de 45 anos, estava em cuidados devido ao estado de gravidez da esposa. Tudo a postos para o parto, inclusive o aviso ao hospital. Na hora “H”, envia um mensageiro para a vinda urgente de dois táxis. As gingas chegam e, nas respectivas bagageiras, sentamse a parturiente e o chefe de família; - José Candrinho, carpinteiro de profissão ganha a vida a fabricar portas. Uma vez concluída cada etapa do seu trabalho, é vê-lo a proceder para as entregas, não de camião mas de… bicicleta! Quatro exemplos, entre milhares que se poderiam dar. A tradição, os hábitos seculares, e a transmissão de pais para filhos tornam a Zambézia no geral e Quelimane em particular, reis do uso deste transporte amigo do ambiente. Quantos litros de combustíveis poupam os zambezianos, graças ao uso tradicional e sistemático da bicicleta? Quanta poluição evitam, quanto dinheiro em combustível o Estado poupa em divisas? Transporta e dá prestígio Mais de 90 porcento dos acidentes e incidentes têm como protagonista a rainha da estrada quelimanense. Os automobilistas, quando se fazem à rua, têm de ter em conta as bicicletas, pois qualquer descuido pode ser fatal. Alguns até fogem às horas de ponta dos ciclistas. Nada mais pode ferir um quelimanense, que roubar ou destruir-lhe a ginga. Ao prejuízo material, juntase a raiva pelo desaforo de inutilizar uma companheira, uma amiga de todas as horas, um recurso “todo-oterreno”. Na família, serve para recados e emergências, prescindindo- se bastas vezes do uso do celular. A partir dos 12 anos, não há menino ou menina que não domine os segredos da “ginga”, que serve para preencher os espaços lúdicos, o transporte de amigos e familiares. Os segredos da reparação têm de ser dominados, pelo que há oficinas improvisadas um pouco por todo o lado. Mas a rainha da estrada ocupa o seu espaço, não só nos corações. Nas residências, não raras vezes, permanece na sala ou no quarto, longe do alcance dos amigos do alheio. No emprego, há sempre um espaço seguro para a colocar. No futebol, entre as quatro linhas e as bancadas, a “ginga” fica majestosamente à frente dos olhos de cada proprietário, que divide as suas atenções entre os lances de perigo e a possibilidade de lhe surripiarem a companheira de todas as horas. Mais do que a sua utilidade, a “burra” na Zambézia - juntamente com o rádio portátil - dá para gingar mas também confere o estatuto de “muzugo” ou, pelo menos, de “cafre-metade”. Perfil do homem da ginga Pernas arqueadas gémeos “batatudos” Se um indivíduo sozinho, a pedalar tempos seguidos se sente exausto, imagine-se um taxeiro que tem de levar na sua ginga um cidadão e a respectiva bagagem em mais de 30 quilómetros. Uma estafa, sobretudo para quem não cultivou esta prática. Só que o ciclista zambeziano, quase sem dar por isso, está a cumprir com uma das mais frequentes recomendações médicas: o exercício físico, que não só tonifica o corpo, como realiza uma importante função cardiovascular, decisiva para manter o coração a irrigar o corpo. Um estudo pelos especialistas, facilmente concluiria que pelas bandas da Zambézia não abundam enfartes. Pergunta-se: quantos problemas do coração se previnem com o uso deste amigo da saúde, veículo que, por exemplo, na capital do país, em regra, serve só para “estilar”? Porém, há que referir que este esforço, ao fim de uns anos, deixa uma marca bem visível: pernas arqueadas, gémeos “batatudos”. É o preço de um hábito que permite juntar o pedalar, nem sempre agradável, à utilidade da resolução, sem custos em combustível, dos problemas quotidianos. Devagar, devagarinho com (algumas) marrábuas As coisas em Quelimane não são para se fazer, mas para se ir fazendo. Há tempo para tudo, há cunhas em todo o lado. A partir de um determinado estatuto social, o zambeziano tem mainato, cozinheiro e empregados para a limpeza. O não recurso aos modernos electrodomésticos é um facto visível pois há ainda quem use velhos ferros e fogões a carvão, como forma de poupar gás e energia, maximizando o aproveitamento da mão-de-obra que vem dos distritos. Os reformados vivem com saudosismos dos tempos em que não se comprava nem coco nem mucuane e o camarão e caranguejo eram oferecidos como petisco nas cervejarias. Os jovens, contagiados por um dia-a-dia sensaborão, vão-se habituando a esse “rame-rame” em que nada acontece de inovador. As conversas cingem-se às notícias dos falecimentos de figuras de referência, separações e/ou troca de parceiros. As velhas marrábuas (ironias?), ainda ocupam lugar de destaque. Quando um acontecimento corre célere pela cidade, vai ganhando contornos de “assunto de Estado”. Então cada um, à sua maneira, vai espalhando o conto, sem se esquecer de lhe acrescentar, com alguma malícia, um ponto. Rico Quelimane! Cidade pacata, de paz e de paz…maceira. Os crimes e desacatos felizmente rareiam. Por isso são notícia que perdura e dá várias voltas à cidade, alimentando conversas meses a fio. Saudoso Quelimane! Tal como refere o cançonetista português Paco Bandeira, “os dias passam iguais, aos dias que vão distantes”! Poucas conversas sobre investimentos, inovações, modernizações. O que está, está. O que não está… é para se ir fazendo planos, nas duas únicas velocidades conhecidas: devagar e… devagarinho! Carnaval é excepção Vá se lá saber porquê, quando chega o Carnaval, a Cidade de Quelimane tira a barriga de misérias. É só ver os citadinos mobilizarem todos os meios, dentro das condições locais possíveis, para fazerem algo de diferente, no sentido de se manter a tradição de pequeno Brasil. As “jovens de antigamente” recuperam a sua jovialidade e dão o exemplo. A festa é rija e quebra o marasmo. Alguns zambezianos espalhados pelo país marcam as suas férias para essa altura, para recordarem tempos passados. É o caso de Horácio, o popular Garrincha do Registo Civil, que anualmente faz questão de regressar à terra no Carnaval, para demonstrar que ainda está em forma. Cor, vida, alegria e iniciativa criadora é o que não falta na festa em homenagem ao Rei Momo. Por que razão este entusiasmo e vontade de fazer coisas bonitas e alegres, não se estende por todo o ano e para outros sectores da vida social da Província? Recordar é viver De Dalomba a Lalarita De uma ou de outra forma, há figuras que marcaram Quelimane e que ainda hoje são largamente recordadas, quer pelos seus feitos, quer pelas excentricidades. Aí vão algumas delas: Fakir Amichande, crónico presidente da Associação de Futebol, já falecido. Ele jogou até aos 40 anos e chegou a actuar ao lado do seu filho; Biriba, músico e animador, já também perecido, galã que animava as festas e arrasava as fãs; Mujuaburre, o estiloso que agora desfila em Maputo com roupas castiças, é lembrado como o futebolista Yaúca, pois corria mais do que a bola; Racune Sulemane, o homem que tinha sempre actualizado o repertório de Roberto Carlos; Lalarita, o cantor romântico que lançou temas de sabor local como “Uéio Rosa Chamba” e outras; Dona Cremilde, e Dalomba, professores “durões” que marcaram ao som das reguadas gerações de alunos, mas transmitindo-lhes um saber que até hoje perdura; “Zozé da Gaiacha”, sportinguista ferrenho, exjogador, árbitro e dirigente. A sua partida sem regresso deixou saudades nos homens do desporto. O peso do testemunho Hoje, os entusiastas vão rareando: Manuela Dalas, ao que tudo indica, atirou a toalha ao chão. E “indexou” a Aurélio Caldeira (cinturão negro) e Daniel Sacur a responsabilidade de “puxar” o Sporting para a frente. Manuel Morais, um super-Doutor, vai transmitindo moral e saber no seu ISPU e fazendo actualização às novas tecnologias, na sua Lancho… net! O sonho de ter uma equipa no Moçambola ainda está longe, porque os zambezianos vivem divididos e não conseguem unir-se e projectar um clube nacional. Como aconteceu em Lichinga. Por estas e por outras, é que a terra dos palmares vai perdendo o passo. Espera-se, com alguma legitimidade, que o novo governador Itai Meque, com o seu estilo “guiguisseca” (precipitado, exigente), agite os zambezianos, de forma a acreditarem que é necessário protagonizar permanentes abanões na pasmaceira, para se abrir a porta ao progresso.
Escrito por Renato Caldeira
A bicicleta é o meio de transporte mais popular na Zambézia: À entrada de Quelimane circulam em maior número do que os carros.
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23.2.10
30.1.10
Chuva torrencial em Quelimane
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28.1.10
Carnaval - na cidade de Quelimane
Munícipes almejem transformação do Carnaval em festival nacional
Os munícipes da cidade de Quelimane na província da Zambézia pedem às autoridades da Cultura no País para declararem a festa do Carnaval que anualmente ocorre nesta cidade, um acontecimento à escala nacional. Segundo os munícipes da autarquia de Quelimana, aqui conhecida por “Pequeno Brasil”, a festa de samba e máscaras deve contar com a participação de grupos vindos de todos os cantos do País, “ou pelo menos os das cidades onde haja referência ao Carnaval”. Milita Lemos, moradora desta cidade e apreciadora do festival de Carnaval disse ao Canalmoz que “se não forem tomadas medidas urgentes, corre-se o risco de perder um dos grandes legados culturais dos machuabos”, ou seja, “o Carnaval poderá dentro de poucos anos deixar de ser o que era porque muita coisa tende-se a perder, daí que o Governo deve tomar medidas urgentes”. Milita tratou de relembrar alguns momentos em que o Carnaval de Quelimane era um evento muito concorrido; “até porque vinham pessoas de todos os cantos do mundo para verem os machuabos a dançarem mascarados”, disse. Almeida, um citadino de Quelimane, acredita que “assim que isto for requisitado, o Governo vai aceitar porque isto é uma cultura incrível e o nosso Carnaval é o melhor do País”. Refira-se que para o presente ano o Carnaval de Quelimane vai ter lugar entre os dias cinco e dezassete de Fevereiro próximos, e se espera a participação de pouco mais de duas dezenas de grupos foliões. A festa do samba e das máscaras vai começar com um desfile por algumas artérias de Quelimane para depois desaguar na Praça dos Trabalhadores onde estão sendo erguidas barracas para a venda de comes e bebes e outro tipo de embelezamento para dar mais vida à festa. No seu encerramento consta que se assistirá ao enterro do Rei Momo.
Aunício da Silva-Canalmoz
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4.1.10
Cidade de Quelimane: Bancos e estado das vias preocupam munícipes
Os empresários manifestaram igualmente o seu desapontamento com o deficiente funcionamento dos bancos comerciais na cidade de Quelimane. Muitas vezes não podem fazer transacções por causa da falta de sistema e quando apenas funcionam duas caixas perante um mar de gente preocupado em resolver os seus problemas, desde depósitos, transferência ou levantamento de valores para realizar diversas despesas, incluindo funerárias. Os clientes dos principais bancos comerciais ficam muito tempo na fila e não realizam as operações e muito menos há alguma comunicação institucional que se estabeleça com os clientes. Além disso, os empresários e a sociedade civil pediram ao governo para interceder junto das hierarquias superiores dos bancos comerciais para abrirem as portas aos fins-de-semana como acontece noutros pontos do país com esses mesmos bancos. O governador da Zambézia reconheceu o problema dos bancos mas afirmou ser prematuro adiantar qualquer solução antes de manter o contacto com os gestores dos mesmos. Contudo, observou que nos últimos três anos há muita procura dos serviços bancários, não só em Quelimane, como noutros distritos, nomeadamente Mocuba, Guruè e outros. De acordo com Carvalho Muaria, dos contactos preliminares feitos com os gestores superiores dos bancos comerciais estes estão à procura de terrenos para abrirem mais balcões mas estão a enfrentar dificuldades porque não existem espaços. Como sabe, desde os tempos idos os terrenos em Quelimane tem os seus donos, ou seja, detentores de títulos de uso e aproveitamento e os bancos estão a negociar, disse Carvalho Muária quando abordado pela Imprensa no final da sua visita de dois dias a cidade de Quelimane. Quanto à rede viária, a fonte referiu que as estradas urbanas na cidade de Quelimane constituem um dos maiores constrangimentos a uma circulação aceitável de viaturas e de pessoas de um ponto para outro. Todavia, explicou, há igualmente perspectivas de se melhorar a transitabilidade com intervenções localizadas que estão a ser feitas pela empreitada NCC. Estão disponíveis oito milhões de dólares norte-americanos para fazer intervenções pontuais nas principais estradas da cidade. A cidade de Quelimane tem uma rede viária total de cinquenta quilómetros e oitenta porcento dela está praticamente intransitável e os motoristas queixam-se de estarem a gastarem muito dinheiro em despesas de manutenção das suas viaturas. No terreno, as pequenas intervenções nos locais críticos já estão a acontecer mas a chuva miúda que tem caído nos últimos dias tem estado a criar obstáculos. Entretanto, muitos bairros da cidade de Quelimane já têm água e energia eléctrica e o maior problema são as estradas. A recolha e o tratamento de resíduos sólidos melhoramento muito, pese embora alguns munícipes não estejam a cumprir com os horários de depósito de lixo nos contentores para o efeito espalhados um pouco por todos os cantos da cidade.
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30.12.09
Bons Sinais. Um rio rico
Não é a primeira garoupa deste tamanho que vejo em Quelimane. Muito menos em cima de uma bicicleta. Lá vão sendo pescadas nos Bons Sinais.
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26.12.09
10.12.09
Município de Quelimane engana os munícipes
A Opinião de António de Almeida Posted by MANUEL DE ARAÚJO
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5.12.09
Nicoadala: Vendaval mata e destrói 100 casas
Deste modo eleva-se para trezentas e noventa e uma casas e quatro salas de aulas destruídas devido ao vendaval que afectou nos últimos dias os distritos de Mopeia, Chinde, Inhassunge e Nicoadala. Dados apurados pela nossa Reportagem indicam que o vendaval iniciou em finais de Novembro, com a destruição de 22 casas no bairro de reassentamento de Noroe, no distrito de Mopeia, quatro salas de aulas em Inhassunge, 269 em Chinde e 100 casas no distrito de Nicoadala.
O Delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades da Zambézia, João Zamissa, disse à nossa Reportagem que não há neste momento pessoas desalojadas, uma vez que os donos das casas destruídas total ou parcialmente foram acolhidos por familiares e vizinhos.
Equipas técnicas das Comissões Técnicas Distritais de Emergência estão a fazer um levantamento mais exaustivo nos três últimos distritos afectados pelo temporal, nomeadamente Nicoadala, Chinde e Inhassunge, uma vez que a situação no distrito de Mopeia voltou à normalidade depois de se ter concluído com sucesso a reconstrução das casas pelos respectivos donos.
João Zamissa disse que a província já está a monitorar o alerta laranja, apesar das principais bacias hidrográficas se manterem estáveis, designadamente Licungo, Zambeze e Chire.
Entretanto, 72 742 pessoas poderão ficar afectadas em caso de ocorrência de cheias num cenário máximo. Se os efeitos das cheias forem mínimos este número poderá baixar para 56 200 pessoas. A cifra total da população dos catorze postos administrativos mais vulneráveis representa 9.5 porcento do total dos habitantes da província da Zambézia, estimados em 3.8 milhões de pessoas.
A província da Zambézia traçou vários cenários, sendo aquele um deles, o das cheias. Em caso de ocorrência de vendavais o número estimado de pessoas numa situação máxima é de 178980 afectados e o mínimo é de 93 370 nos distritos de Pebane, Maganja da Costa, Gilé e Morrumbala.
Se for o caso de seca, 60 000 pessoas poderão estar afectadas num cenário máximo, sendo 15 mil num cenário mínimo.
Outras informações disponíveis indicam que o Instituto de Gestão de Calamidades já começou a pré-posicionar meios e bens de socorro nos distritos considerados vulneráveis a inundações. Os distritos de Chinde, Mopeia e Maganja da Costa já receberam barcos e medicamentos para os primeiros casos.
Na reunião técnica de ontem, os parceiros do governo, nomeadamente as organizações não-governamentais reforçaram o apoio. O Conselho Cristão de Moçambique, por exemplo, diz que tem oitocentos cobertores, a Acção Agrária Alemã tem 500 cobertos e um barco pronto para ser usado, a Save the Children tem 530 kits de sobrevivência e a Cruz Vermelha de Moçambique tem disponíveis 100 tendas.
Dados em nosso poder indicam que o Plano de Contingência do Governo da Zambézia está avaliado em mais de 18 milhões de meticais. Estes fundos referem-se ao cenário mais violento das cheias.
- JOCAS ACHAR
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18.11.09
13.11.09
Macuse - A Opinião de António de Almeida
Não tenho título para dar a este meu triste texto, porque as lágrimas choradas e as lamentações já são suficientes para cobrir o título em falta. Caro leitor, se quiseres desfrutar o título deste artigo, chore comigo, lamenta comigo, porque parece que é a única forma que o zambeziano tem de se manifestar. Caso contrario, somos opositores e até conotados com algumas forças politicas que nem se quer temos nada a ver com elas. Mas esses senhores não percebem e estão cegos de ignorância. Diz um ditado popular que onde lutam dois elefantes, quem sofre é o capim; mas só que na minha Zambézia, com a luta de duas forças frustradas, quem sofre é o meu povo. Mas não disso que vou aqui relatar. A imagem ai a cima, ilustra a pobreza absoluta do povo de Macuse no distrito de Namacurra. Mostra a pobreza absoluta por um simples caso. Esse povo, o povo de Macuse e de todas outras regiões onde habitavam o palmar, usavam o palmar na totalidade, como fonte de rendimento e conseguiam de certa forma manter as suas economias dentro de casa ou em baixo da árvore. Se é que estou a mentir, perguntem os vários doutores, mestres, licenciados bacharéis de Inhassunge, Namacurra, Maganja da costa, Nicoadala e outros vários sítios, se para chegar onde chegaram, não carregaram sacos enormes de cocos para vende para poder conseguir ter um caderno, um lápis, uma esferográfica e até roupa para poder ir a escola. Não digo isto em forma de abuso, pelo contrário, tenho muito orgulho em falar disto porque isso prova que os intelectuais da minha nobre terra não precisaram de matar a ninguém para chegar ao topo. Mais chegaram ao topo, graças ao sacrifício e a venda de produtos locais como o coco por exemplo, que hoje já nem se quer existe. Que pena meu Deus! Sei que muitos dos meus conterrâneos sentem por dentro o que eu sinto e sofrem como eu sofro. Mas eu não fico calado e pergunto, onde foi o palmar da minha terra que já foram fontes de informação de muitos poetas? Que já serviram de esconderijo de muitos namoricos? Quem me responde? Ninguém só apenas os moribundos palmares que vão minguando ao estilo do amarelecimento letal do coqueiro, me dizem no seu silêncio que estão morrendo por culpa sei lá de quem. Será que ninguém sabe nada mesmo? E os coqueiros híbridos o que aconteceu com eles? Será que não é pelos produtos químicos que usavam na produção do coqueiro híbrido que apareceu o tal de amarelecimento letal? Algo algum! Com a queda da Boror em Macuse, vemos o local cada vez mais empobrecido e alguns senhores ostentando grandes riquezas, senhores esses que eram bosses da extinta Boror. As casas lá em Macuse, hoje pertencem a um grupo de senhores que abrem negócios em nome de suas mulheres em detrimento dos antigos trabalhadores que nem se quer viram indemnização. Hoje a população de Macuse sofre de fome, pobreza, sida, tuberculose e muitas outras doenças, sem poder ter pernas para andar, porque o palmar que era a sua base de sustento foi completamente desmoronado, que triste! Se no antigo testamento Moisés levou o povo a terra prometida e mais tarde os maus tratos continuaram, Jesus apareceu para resgatar o bom nome divino, mas mesmo assim deixaram o povo entregue a sua própria sorte. Assim acontece no meu Moçambique. Uns tiraram o povo das mãos do colono, dando-lhes terra, mas depois humilhou o povo; e o outro que trouxe a liberdade está sendo crucificado pelo povo que ele mesmo libertou, tal como aconteceu a Jesus. Assim pode-se dizer que o meu povo está bem? Para quem diz estas asneiras, precisa de sair do AC para olhar de perto o sofrimento do povo e deixarem de enganar os doadores. Para os doadores, por favor, não se deixem enganar pelos tubarões porque no campo, a realidade é outra, o povo sofre e está morrendo. Eu vivi isso em Macuse. Será que para o povo de Macuse voltar a viver, precisamos de ressuscitar a boror e a companhia da Zambézia? Pensem bem. Eu volto brevemente. Ao meu povo, coragem.
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5.10.09
Que Saudades do Cine Teatro Águia
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20.9.09
16.9.09
5.9.09
LUABO - Os vizinhos da desgraça
Esta ruina pertência ou pertence aos correios de Moçambique, em Luabo, nos anos que lá se foram, agora vive nela uma familia. A imagem retrata as condições fisicas reais do antigo correios de Luabo: sem tecto, sem paredes, sem portas, alcerces fragilizadas pelo tempo e sobre tudo sem segurança e condições nenhumas de habitabilidade.
Este edifício ou melhor esta casa-ruina situa-se a quase 20 metro da Sede Distrital, da PRM e da Escola, portanto, a casa-ruina está próxima dos orgãos máximo do distrito que assistem o ambiênte físico do edificio com consciência plena do risco que os ocupantes correm. A casa-ruina não reune condições para se habitar e a qualquer altura pode desabar e ceifar vida das pessoas que la vivem.
O Portal de Sena roga as autoridades daquele distrito, vizinhos desta desgraça, nomeadamente ao Administrador, ao comandate da PRM afecto naquele distrito, aos professores e a comunidade em geral para que mobilizem os ocupante destas ruinas para que as abandonem em troca da sua segurança. Senhores, há que fazer algo, mesmo que seja necessaário emitir uma ordem de “despejo”. Não gostariamos que amanha chamemo-vos de assasinos por terdes optado por silêncio.
Por: Fernando Raposo (texto e imagem)
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